A medicina contra a ansiedade: 9 tipos de ansiolíticos
A medicina contra a ansiedade: 9 tipos de ansiolíticos
Nós sabemos que o sofrimento psicológico dificilmente é resolvido com pílulas (embora possamos encontrar um alívio momentâneo com elas) e que os ansiolíticos não curam a ansiedade ou fazem desaparecer o chefe tóxico que suga a nossa energia, as nossas vontades e a alegria de viver. No entanto, ajudam, reduzem o sofrimento emocional e facilitam a eficácia da psicoterapia e da abordagem multidisciplinar.
Os sociólogos dizem que estamos vivendo em uma sociedade distópica. Vivemos em um mundo onde milhões de livros sobre como ser feliz são vendidos todos os anos, somos as pessoas que gostam de colocar filtros nas suas fotos para oferecer aos outros uma imagem de perfeição absoluta: sorriso perfeito, felicidade ideal. Porque ser feliz é o que todos nós aspiramos e, da porta para dentro e na escuridão da nossa própria casa, os demônios nos atacam, os medos nos consomem e as sombras da ansiedade nos agarram.
“Nós tratamos o luto e o medo com pílulas como se fossem doenças. E eles não são”. – Guillermo Rendueles, psiquiatra –
A indústria farmacêutica tenta criar medicamentos psiquiátricos cada vez mais sofisticados, com menos efeitos colaterais e ações mais rápidas. Tanto que existem vários tipos de medicação para cada dor da vida, essas que os clínicos gerais receitam com muita facilidade ao ponto de gerar dependências em pessoas que poderiam ter resolvido o seu problema com uma abordagem específica, não farmacológica.
No entanto, o problema está aí. Existem patologias de origem endógena que exigem uma abordagem farmacológica, e há depressões reativas causadas por estresse que, sem dúvida, precisariam de uma abordagem psicológica. Seja como for, os ansiolíticos são essenciais em muitos casos, mas sempre por um tempo determinado para evitar a dependência química. Uma espiral onde os efeitos colaterais são muitas vezes mais prejudiciais do que a própria sintomatologia.
Examinaremos hoje todos os tipos de ansiolíticos presentes no mercado farmacêutico que visam tratar os processos associados à ansiedade, insônia, transtornos do pânico, etc.
Principais tipos de ansiolíticos
As pessoas que precisaram ou estão atualmente necessitando de um tratamento farmacológico para reduzir a ansiedade sabem que é comum tentar mais de um tipo, mudar a dose de vez em quando e fazer um acompanhamento da forma como nos sentimos e os possíveis efeitos colaterais que eles nos causam.
- Cada pessoa reage melhor a um tipo de ansiolítico. Portanto, é aconselhável contar com a supervisão de bons profissionais nesse processo.
- Os ansiolíticos, os sedativos e os hipnóticos são medicamentos que interferem no sistema nervoso central para aliviar a ansiedade ou nos ajudar a adormecer.
Além disso, também é conveniente lembrar qual é o mecanismo de ação dos ansiolíticos:
- Eles são calmantes, desaceleram as funções do corpo.
- São medicamentos psicotrópicos que atuam sobre o sistema nervoso central. Ou seja, não são somente relaxantes, mas muitos deles têm efeitos sedativos, anticonvulsivos e amnésicos.
- Seu mecanismo de ação geralmente é simples: aumentam o efeito de uma substância química cerebral chamada GABA (ácido gama-aminobutírico). É um tipo de inibidor cerebral que relaxa e reduz a atividade dos neurônios.
Vejamos agora detalhadamente os principais tipos de ansiolíticos.
1. Os benzodiazepínicos
Os benzodiazepínicos constituem a “família” dos ansiolíticos mais comuns e utilizados atualmente. Além de atuar sobre a substância GABA, atuam sobre o sistema límbico, inibindo a atividade da serotonina nesta região do cérebro.
- Os fármacos mais comuns nesta tipologia são, sem dúvida, o diazepam, o lorazepam, o bromazepam, o alprazolam ou clorazepato, que descreveremos a seguir.
- A maioria deles produz relaxamento, alívio da tensão cognitiva e um efeito mais ou menos sedativo, dependendo do tipo do medicamento.
Além disso, de acordo com a sua duração e efeito no nosso organismo, podemos fazer a seguinte classificação:
Ansiolíticos de meia-vida curta (os efeitos podem durar até 8 horas):
- Bentazepam.
- Clotiazepam.
- Cloxazolam.
Ansiolíticos de meia-vida intermediária (os efeitos podem durar de 8 a 24 horas):
- Alprazolam.
- Bromazepam
- Camazepam.
- Clobazam.
- Cetazolam.
- Lorazepam.
- Oxazepam.
- Oxazolam.
- Pinazepam.
Ansiolíticos de meia-vida longa (efeitos que duram mais de 24 horas):
- Clorazepato dipotássico.
- Clordiazepóxido.
- Clordiazepóxido + piridoxina.
- Diazepam.
- Halazepam.
- Medazepam.
- Prazepam.
Cabe assinalar que os efeitos colaterais associados aos benzodiazepínicos atuais não são tão graves quanto os do primeiro tipo de ansiolíticos: os barbitúricos. Além disso, é necessário lembrar que a administração e o consumo dessas drogas psiquiátricas nunca devem exceder 4 ou 6 semanas. Caso contrário, podemos desenvolver dependência.
Por outro lado, os sintomas colaterais mais comuns associados aos benzodiazepínicos são os seguintes:
- Sonolência
- Tonturas
- Confusão
- Falta de equilíbrio (especialmente nos idosos)
- Distúrbios da fala
- Fraqueza muscular
- Constipação
- Náuseas
- Boca seca
- Visão turva
2. Os barbitúricos
Como dissemos anteriormente, antes que os benzodiazepínicos chegassem ao mercado, os barbitúricos eram os únicos ansiolíticos disponíveis para a população para o tratamento da ansiedade. Desde que Emil Fischer, ganhador do Prêmio Nobel de Química, descobriu o barbital em 1902, eles se transformaram em um recurso perigoso, mas eficaz, capazes de atuar como sedativos do sistema nervoso central de forma imediata.
Mais tarde, em 1963, a empresa “Roche” lançou o conhecido Valium e, com esse medicamento, começou a era dos benzodiazepínicos. Apenas um ano antes, citando apenas como uma curiosidade, Marilyn Monroe cometeu suicídio “supostamente” com uma alta ingestão de barbitúricos.
No entanto… por que eles pararam de prescrever os barbitúricos para o tratamento da ansiedade?
- Os barbitúricos e todas as drogas que contêm ácido barbitúrico geram alta dependência psicológica e física.
- Além disso, a linha que separa o que é considerado uma dose normal de uma dose tóxica é muito tênue.
- O seu mecanismo de ação é baseado no impedimento do fluxo de sódio para os neurônios. Atualmente, o seu uso é reservado apenas para alguns tipos de cirurgia e tratamento de convulsões.
Estes seriam os tipos mais comuns de barbitúricos:
- Amobarbital (Amytal).
- Aprobarbital (Alurate).
- Butabarbital (Butisol).
- Pentobarbital (Nembutal).
- Secobarbital (Seconal).
3. Buspirona
A buspirona tem seus prós e contras. No entanto, continua sendo um tipo de ansiolítico muito interessante. A sua principal vantagem é que ele tem efeitos colaterais, mas não interage com outras substâncias, não afeta o desempenho cognitivo e não provoca sedação.
- É um fármaco bem consolidado no mercado farmacêutico e aprovado pelos médicos devido ao seu baixo risco de dependência.
- No entanto, a buspirona tem uma ação mais lenta. Na verdade, o paciente começa a notar seus efeitos após 15 dias de utilização. Isto é algo complexo, porque a pessoa que sofre de um quadro de ansiedade severa quer se sentir melhor o quanto antes, e acima de tudo, poder dormir tranquilamente. Portanto, essa droga não é útil nesses casos.
No entanto, os especialistas dizem que é muito eficaz para quadros de ansiedade não muito intensas e é altamente recomendável para pessoas mais velhas.
4. Alprazolam
O Alprazolam é um dos ansiolíticos mais prescritos pelos médicos. É um derivado dos benzodiazepínicos e é usado principalmente para o tratamento de crises de ansiedade, como agorafobia, ataques de pânico e estresse intenso.
Além disso, deve-se destacar que possui uma ação antidepressiva, uma vez que os seus princípios químicos são semelhantes aos dos antidepressivos tricíclicos.
- É um fármaco de alta potência e ação imediata, ao contrário da buspirona. Tem propriedades sedativas, hipnóticas e anticonvulsivas, mas é mais eficaz nos casos de ansiedade.
- Por outro lado, é importante enfatizar que o potencial viciante do Alprazolam é muito alto, portanto, para evitar a tolerância, lembramos uma vez mais que a sua administração deve ser por um tempo determinado e em casos específicos.
5. Diazepam
O diazepam ou valium é, sem dúvida, outro ansiolítico bem conhecido. É também um derivado dos benzodiazepínicos e o mais utilizado em clínicas ambulatoriais e centros médicos.
- É o fármaco mais eficaz no tratamento dos espasmos musculares, portanto, não é usado apenas para o tratamento da ansiedade, mas também para distúrbios psicossomáticos, torcicolo, delirium tremens, ataques de pânico, dispneia… e inclusive para a sedação anterior a intervenções cirúrgicas.
- É preciso ressaltar que este ansiolítico também gera uma alta dependência quando são usadas doses elevadas durante períodos prolongados.
“Em vez de tratar a doença ou o problema, o consumo regular de ansiolíticos cria dependência a longo prazo”.
6. Lorazepam
A maioria de nós já ouviu falar de Lorazepam ou simplesmente do “orfidal”. É um fármaco de alta potência usado para diferentes finalidades:
- Tratar distúrbios de ansiedade.
- Distúrbios do sono, problemas de insônia.
- Estados de tensão.
- Para tratar algumas doenças psicossomáticas e orgânicas.
- Para a síndrome do cólon irritável.
- Epilepsia.
- Também é indicado no tratamento das náuseas e vômitos causados pela quimioterapia ou pela agitação provocada pela abstinência alcoólica.
O lorazepam tem um efeito imediato, atingindo seu pico máximo de biodisponibilidade em 2 horas. Além disso, seus efeitos colaterais não são tão graves e não gera uma alta dependência. Mas ainda assim, é recomendável que o seu uso seja por um tempo limitado.
7. Bromazepam
O bromazepam é usado em doses baixas para tratar a ansiedade e as fobias. Se for administrado em doses mais elevadas, atua como relaxante muscular, sedativo e hipnótico.
O bromazepam é um fármaco perigoso: gera dependência rapidamente e interage com várias substâncias. No caso de ser combinado com álcool, pode se tornar mortal. Portanto, a orientação dos profissionais deve ser seguida com precisão para que o seu efeito seja adequado.
8. Clorazepato
O clorazepato é um fármaco psiquiátrico com múltiplos usos:
- Tratar a ansiedade.
- A neurose.
- As psicoses.
- É muito eficaz no tratamento da abstinência do álcool e outras drogas.
- É eficaz nos casos de insônia.
- Também é usado para tratar a síndrome do cólon irritável.
O clorazepato pode ser tomado durante 3 a 4 meses. Além deste período, gera dependência e pode perder a eficácia.
9. Anti-histamínicos
É muito provável que os nossos leitores se surpreendam que os anti-histamínicos façam parte desta lista. Não são os medicamentos que costumamos usar para tratar processos alérgicos?
É importante frisar que, dentro dos anti-histamínicos, existem diferentes tipos. Normalmente, a maioria dos anti-histamínicos bloqueiam a histamina. No entanto, também podemos encontrar a Hidroxizina que, além de aliviar a coceira causada pelas reações alérgicas da pele, reduz a atividade cerebral e também serve para aliviar a ansiedade e a tensão.
Os anti-histamínicos não são os medicamentos mais adequados para tratar a ansiedade, os psiquiatras não os recomendam caso o paciente sofra ataques de pânico.
Para concluir, poderíamos adicionar muitos outros nomes e opções nessa nossa lista, como os medicamentos bloqueadores beta-adrenérgicos, dentro dos quais também há alternativas naturais com poucos efeitos colaterais. No entanto, os que descrevemos aqui são os mais comuns, os mais prescritos e os que mais encontramos nas nossas mesas de cabeceira ou em nossas bolsas.
Afirmamos mais uma vez que os ansiolíticos não curam a ansiedade, não eliminam os ataques de pânico, a neurose ou as sombras que alteram a nossa vida em um determinado momento. Eles tratam, aliviam, relaxam, nos oferecem descanso e, embora tudo isso seja bom e necessário, não resolvem a raiz do problema, a menos que nos encontremos com uma doença de origem endógena, como alguns tipos de depressão.
Portanto, vamos usar os ansiolíticos para situações específicas, mas sempre combinados com a psicoterapia. Porque, embora tenhamos sido educados com a ideia clássica de que “somos o que comemos”, na verdade “somos o que pensamos”. É preciso mudar o foco e não se medicar de forma obsessiva. Existem situações que podem ser tratadas de outra forma.
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