Como treinar seu dragão (interior): meditação contra a ansiedade

Como treinar seu dragão (interior): meditação contra a ansiedade

Uma cadeira confortável em um quarto silencioso. Com os olhos fechados, você foca a sua atenção em como o seu peito sobe e desce a cada vez que inspira e expira. Você se concentra apenas no aqui e agora: na pressão da cadeira no seu corpo, na sensação das suas mãos apoiadas nos joelhos, no ar circulando pelos seus pulmões. Essa técnica é usada pela meditação há milênios – e foi emprestada pelo mindfulness (em português, “atenção plena”).
O exercício trata de aceitar e estar consciente do que acontece no presente, sem julgar seus sentimentos e pensamentos. Uma meditação laica, digamos. E com ela, o que antes era uma prática espiritual milenar se tornou uma alternativa para tratar a ansiedade.
A busca por autoconsciência faz sentido para quem sofre desse mal. Em seu livro The Mindfulness Solution (“A solução mindfulness”, sem tradução para o português), o psicólogo e professor da Universidade de Harvard Ronald Siegel explica que, ao focar no presente, a meditação mindfulness proporciona uma aceitação de que as mudanças são inevitáveis e da situação em que se vive. Considerando que o medo e preocupação excessivos são características marcantes da ansiedade, ter consciência plena daquilo que sente e pensa, como propõe a técnica, pode ser importante para enfrentar o problema.
Essa não é, no entanto, apenas mais uma prática de vida saudável que virou moda. Há décadas, pesquisadores estudam o efeito da meditação no organismo humano. E provas da eficácia da técnica não faltam. Por exemplo, o neurocientista Richard Davidson, da Universidade de Wisconsin, investigou o cérebro de Matthieu Ricard, monge budista com décadas de experiência em mindfulness. O pesquisador conseguiu, ao medir e mapear a atividade neural de Ricard, identificar que a meditação proporciona uma maior ativação do córtex pré-frontal esquerdo, algo que acontece quando temos menos pensamentos negativos e estamos felizes. No caso do monge, a atividade neural era fora do normal. O estudo rendeu a Ricard o posto de “o homem mais feliz da Terra” pela imprensa internacional. Mas, não se preocupe, você não precisa ser um monge budista ou ter anos de experiência com meditação para sentir os efeitos da prática na sua saúde. Oito semanas de meditação já podem ajudar e muito – ao menos é o que prometem os entendidos.
Em 1979, o cientista nova-iorquino Jon Kabat-Zinn, ao lado de dois colegas, criou uma clínica experimental com o objetivo de utilizar práticas de meditação no tratamento de pacientes com diferentes doenças crônicas. Todos os casos tinham um denominador comum: o stress. O médico então desenvolveu o programa chamado de Redução do Stress Baseada em Mindfulness, com oito semanas de duração. O programa consiste em sessões semanais em grupo que duram de duas a duas horas e meia cada, e uma sessão intensiva de seis horas na sexta semana. Desde então, o programa foi objeto de estudo em centenas de pesquisas para comprovar a sua eficácia.


https://super.abril.com.br/saude/como-treinar-seu-dragao-interior-meditacao-contra-a-ansiedade/

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