10 informações sobre o transtorno de ansiedade que podem ajudar a eliminar o estigma
http://www.brasilpost.com.br/2016/07/11/curiosidades-ansiedade_n_10924932.html
Os transtornos de ansiedade, como transtorno de ansiedade social, transtorno obsessivo-compulsivo, agorafobia, síndrome do pânico e ansiedade em geral são os tipos mais comuns de transtornos mentais nos Estados Unidos.
Estima-se que 18% de todos os adultos americanos sofram de algum transtorno de ansiedade, o que corresponde a um custo de mais de 42 bilhões de dólares por ano.
Os Estados Unidos são peculiares a esse respeito, de acordo com a maior análise global já realizada. Algumas regiões do mundo, incluindo os Estados Unidos e também a Europa Ocidental, têm índices mais altos de transtornos de ansiedade em geral. Além do mais, alguns grupos entre os americanos têm maior risco de serem diagnosticado com transtorno de ansiedade.
Olivia Remes, principal autora da análise e pesquisadora do tema na Universidade de Cambridge, analisou 48 dos melhores ou mais abrangentes estudos sobre a prevalência de ansiedade em todo o mundo. Ela identificou quais culturas, sexos e faixas etárias são mais suscetíveis aos transtornos de ansiedade. Os resultados também revelaram lacunas na compreensão do problema entre alguns grupos de pessoas.
“Precisamos de muito mais pesquisas com pessoas que se identificam como lésbicas, gays, bissexuais e (LGB), porque a ansiedade é uma questão importante neste grupo”, disse Remes. “Além disso, os aborígenes que vivem no Canadá, nos Estados Unidos, na Nova Zelândia e em outras partes do mundo correm um risco significativamente maior de sofrer de problemas de saúde, mas ainda sabemos muito pouco sobre a saúde mental dessas populações.”
Por que os transtornos de ansiedade são importantes
Apesar de comuns, os transtornos de ansiedade continuam sendo consideradosmeramente preocupantes, não debilitantes -- condições incapacitantes que exigem tratamento especializado.
Um pouco de ansiedade pode ser benéfico e nos ajudar a nos manter em segurança.
Mas quem sofre de transtornos de ansiedade e não é tratado tem sentimentos avassaladores e incontroláveis de medo, que podem interferir com a vida diária. Saber mais sobre essa condição é uma maneira de ajudar a combater o estigma dos transtornos mentais e de oferecer ajuda para as pessoas que dela necessitam.
“[Os transtornos de ansiedade] podem aumentar o risco de suicídio, incapacitação e má qualidade de vida”, disse Remes. “Se não soubermos quem é mais afetado pela ansiedade, não podemos fazer nada para diminuir fardo humano e econômico associado a esses transtornos.”
Aqui estão 10 conclusões deste estudo global sobre ansiedade:
1. Mulheres têm duas vezes mais probabilidade de ser afetadas pelos distúrbios de ansiedade.
Mulheres apresentaram maior propensão de serem afetadas por transtornos de ansiedade do que os homens, numa proporção de 1,9 para 1, e essa diferença persistiu ao longo do tempo tanto nos países em desenvolvimento como nos desenvolvidos.
2. Os jovens são mais propensos a ter transtornos de ansiedade.
Não importa a cultura estudada, as pessoas com menos de 35 anos estavam mais propensas a apresentar transtornos de ansiedade. Isso era verdade para todos os países pesquisados, exceto para o Paquistão, onde as pessoas de meia-idade apresentaram as maiores taxas de transtornos de ansiedade.
3. Dependência de opiáceos está associada a um aumento do risco de ansiedade.
Globalmente, a presença de sintomas de ansiedade em pessoas que abusam de opiáceos varia de 2% a 67%, enquanto os diagnósticos reais ficam em torno de 29%. Entre os americanos que abusam de opiáceos, esse número é de 16%.
4. Viciados em jogos de azar ou em internet também têm maior probabilidade de sofrer esses transtornos.
Além de abuso de opiáceos, as dependências de internet e de jogos de azar são dois outros comportamentos de risco que parecem estar associados a um aumento nos diagnósticos de ansiedade. Globalmente, 37% dos apostadores patológicos relataram ter transtornos de ansiedade, enquanto estudos sobre vício em internet (principalmente em países asiáticos) constataram que a prevalência de ansiedade é mais de duas vezes maior em pessoas com vício em internet, em comparação com grupos de controle.
5. A ansiedade muitas vezes se parece com outros transtornos mentais e doenças neurológicas.
Pessoas com transtorno bipolar, esquizofrenia e esclerose múltipla correm maior risco de desenvolver transtornos de ansiedade. Na Europa, de 13% a 28% das pessoas com transtorno bipolar também sofrem de ansiedade. Em nível mundial, 12% das pessoas com esquizofrenia também têm sido diagnosticadas com transtorno obsessivo-compulsivo.
Finalmente, quase 32% das pessoas com esclerose múltipla, um problema de saúde neurológico, têm transtorno de ansiedade, e mais da metade delas apresenta algum sintoma de ansiedade.
6. Doenças aparentemente não-relacionadas estão associadas a altas taxas de ansiedade.
Pessoas com doenças cardiovasculares, câncer, doenças respiratórias, diabetes e outras doenças crônicas são mais propensas a sofrer transtorno de ansiedade. Por exemplo, sintomas de ansiedade entre as pessoas com insuficiência cardíaca congestiva variam de 2% a 49%. Pessoas com doença arterial coronariana têm transtorno do pânico em taxas que variam de 10% a 50%.
Os pacientes com câncer, por sua vez, tiveram taxas de ansiedade entre 15% e 23%. Esse risco pode se estender até mesmo aos sobreviventes do câncer e seus cônjuges. Globalmente, as pessoas diagnosticadas com câncer há dois anos tiveram taxas de ansiedade mais elevadas do que grupos de controles saudáveis (18%, ante 14%) e 40% dos cônjuges dos sobreviventes de câncer desenvolveram ansiedade.
7. A ansiedade pode estar presente em pessoas que sofrem de doenças crônicas que não representam risco de vida.
Quem tem diabetes é mais propenso a ter transtornos de ansiedade ou alguns sintomas, em comparação com grupos de controle saudáveis. Este efeito foi mais forte para as mulheres do que para homens. As mulheres com diabetes, por exemplo, apresentaram prevalência de ansiedade quase duas vezes superior à dos homens diabéticos: 55% contra 33%.
8. Uma passado traumático poderia explicar altas taxas de ansiedade.
Pessoas que passam por traumas também podem ter altas taxas de ansiedade. Estudos com veteranos britânicos e americanos que tiveram membros amputados revelaram que a ansiedade afeta de um quarto a mais de metade desses grupos. Globalmente, as pessoas com histórico abuso sexual relataram taxas de ansiedade quevariam de 2% a 82%.
9. É importante monitorar a ansiedade durante a gravidez.
Globalmente, as mulheres grávidas e que acabaram de dar à luz têm maiores taxas de transtorno obsessivo compulsivo que a população geral: de 2% e 2,4%, respectivamente, em comparação com 1% da população em geral.
Estudos etíopes e nigerianos mostraram que a ansiedade foi elevada em mulheres durante o período pré- e pós-natal (15% e 14%, respectivamente). O impacto foi particularmente pronunciado entre as mais jovens.
10. Subgrupos vulneráveis são mais propensos a sofrer de ansiedade.
Lésbicas, gays ou bissexuais que vivem em países ocidentais têm taxas de ansiedade mais altas que o normal, e este efeito é mais acentuado entre as mulheres. Estima-se que de 3% a 20% dos homens enfrentem ansiedade, enquanto a estimativa para mulheres varia de 3% a 39%.
Os sintomas de ansiedade também são mais comuns na velhice, especialmente entre aqueles que têm disfunção cognitiva, tais como problemas de memória. Entre os idosos com leve comprometimento cognitivo, estima-se que de 11% a 75% enfrentem algum tipo de transtorno de ansiedade. Isso se estende até mesmo aos seus cuidadores, que se relatam ansiedade na faixa de 4% a 77%.
Remes espera que sua pesquisa chame a atenção para populações mais afetadas pela ansiedade, para que governos e sistemas de saúde possam direcionar recursos de saúde mental, intervenções e esforços de triagem para esses grupos de alto risco.
“Esperamos que nosso estudo aumente a conscientização a respeito da ansiedade como uma questão importante, para que haja mais pesquisas e as pessoas afetadas possam procurar ajuda e receber o tratamento necessário”, disse Remes. “Saúde mental é importante para todos e é um direito humano básico.”
Este artigo foi originalmente publicado pelo HuffPost US e traduzido do inglês.
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