E por falar em ansiedade...

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DE ACORDO COM PESQUISA, 56% DOS ALUNOS BRASILEIROS ESTÃO ENTRE OS QUE FICAM MAIS ESTRESSADOS PELA ALTA CARGA HORÁRIA DE ESTUDOS

FOTO: AILTON CRUZ
Emmylly Ferro e Jamerson Santos: mais de 10 horas do dia são ocupadas pelo estudo, inclusive nos fins de semanas 
Todo estudante que está se preparando para a faculdade sabe que os desafios da vida estão só começando, mas o que se encontra dentro da universidade vai além da expectativa criada anteriormente sobre as dificuldades do curso. Sentir na pele a carga horária pesada, a constante cobrança por bons resultados em prazos curtos, o desgaste social gerado pela convivência diária… São muitos fatores para se lidar, ocasionalmente sem amparo familiar ou profissional, e pesquisas recentes trazem um alerta para a importância da saúde mental dos estudantes. 

De acordo com o Programa de Avaliação Internacional de Estudantes, pertencente a Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), 56% dos alunos brasileiros estão entre os que ficam mais estressados pela alta carga horária de estudos. Além disso, o país ocupa o segundo lugar no ranking de 180 países pesquisados, no quesito ansiedade. 

Uma outra pesquisa, divulgada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), revela que 30% dos alunos das Universidades federais do Brasil procuram atendimento psicológico e 10% fazem uso de medicamento psiquiátrico.

Para entender melhor o contexto no qual vivem os estudantes universitários, a Revista Maré conversou com a estudante do quarto período de medicina da Ufal Emmylly Ferro, que nos contou um pouco do seu dia a dia. “A rotina é mais ou menos essa: nos dias de semana, sair de casa cedo, ter aula das 8h20 às 12h, almoçar, ter aula das 13h30 às 17h. Alguns dias à noite ainda temos atividades extras, como disciplinas eletivas, monitoria, reuniões de pesquisa. E quando chegamos em casa, precisamos estudar a matéria do dia seguinte para tentar não chegar na faculdade e ficar ‘boiando’ nas aulas. O nosso final de semana é, basicamente, estudar para as tutorias, fazer trabalhos, estudar para as provas”, relata. 

Jamerson Santos, estudante do sétimo período de odontologia da mesma universidade, tem uma rotina similar. “No atual período que estou preciso cumprir 29 horas-aula semanais, sem contar com as horas que precisamos passar em laboratórios e aulas práticas extras. A faculdade passa a ser uma segunda casa, já que em muitas ocasiões detém mais de 10 horas do meu dia”, afirma o futuro dentista. 

Esse é um quadro preocupante, uma vez que dedicar tantas horas do dia para os estudos implica, além da demanda física, num grande consumo mental dos alunos. O psicólogo Everton Calado falou sobre as consequências disso. “No caso dos universitários, o ambiente acadêmico tem sido com frequência um detonador de processos de sofrimento. As razões são inúmeras: elevados níveis de estresse, sobretudo em função de pressão por notas, prazos e a um grande volume de tarefas que absorvem a vida do aluno; relações problemáticas, quando não autoritárias; situações de violência institucional, das variadas formas de intolerância (classe, raça, gênero, religião) ou, às vezes, simples falta de diálogo; a lista seria longa, mas destaco esses pontos como principais gatilhos, não somente de depressão e ansiedade, mas de fobias, isolamento social, comportamentos suicidas e base para os altos índices de absenteísmo, evasão”, atenta o profissional. 

* Sob supervisão da editoria do Maré


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